Após o Carnaval e o Quarta-Feira de Cinzas, voltamos com mais um Pastel da Semana o convida de hoje é o Tiago Oliveira.
Quem é
Tiago Oliveira é Nerd e twiteiro compulsivo, é conhecido por abarrotar as timelines de seus followers. Ouve podcasts enquanto pedala, curte música, comunicação, vida noturna e cerveja draught (preferencialmente Guinness).
Nas redes sociais já foi responsável pelos perfis da Marcyn Caprich entre outros clientes
Contato:
Tiago Oliveira
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@TiagoOliveira
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Quando o Myr me fez a proposta de escrever sobre dois filmes, fiquei um tempão pensando se valia a pena citar os clássicos dos anos 80; para mim, obrigatórios para a formação do caráter de qualquer pessoa. Curtindo a Vida Adoidado, Te Pego Lá Fora, Porky’s, De Volta Para o Futuro e todos aqueles filmes em que peitinhos surgiam do nada, em plena Sessão da Tarde, e alegravam nossos dias.
Mas daí achei legal falar de algum filme mais recente, que de alguma forma tivesse me pegado forte, como antigamente rolava. E o que mais me animou foi Scott Pilgrim vs The World.
Que nerd nunca imaginou que para conquistar a sua princesa deveria vencer vários chefões primeiro?
Essa é a premissa do filme. Scott Pilgrim, um canadense “desocupado” de 22 anos, baixista de uma banda mequetrefe (Sex Bob-Omb), que divide uma kitchenette e o colchão com seu amigo gay Wallace Wells, que tem uma namorada chinesa de apenas 17 anos (Knives Chau), que é interpretado pelo über nerd Michael Cera, conhece um dia, em uma festa, Ramona Flowers. Ops, conhece não. Primeiro sonha com ela. Um sonho idiota. Um sonho esquisito. Depois a vê saindo da biblioteca pública. E só então, na festa, realmente a conhece.
Tá, mas isso tudo de conhecer a gente sabe muito bem como acontece entre nerds: “Oi, conhece Pac Man? Então, Pac Man originalmente se chamava Puck Man. Mas como ficaram com medo das pessoas trocarem P por F e passarem a chamar o jogo de... Ok, você entendeu, né? Então, chau”
É isso.
Certo, não está ajudando em nada a você, que lê este texto, querer assistir o filme, correto?
Então, voltemos um pouco mais no tempo. 2004. Bryan Lee O’Malley cria o personagem de HQ, inspirado em mangás e video games, numa história contada em 6 edições P&B. Sucesso das HQs underground, ainda em 2007 começa a ser escrita a versão cinematográfica da história do herói que, para ficar com Ramona Flowers - a novaiorquina que foi morar em Toronto, que deixa todos aos seus pés, que tem cicatrizes de lutas e que está num outro nível, chutando todos os tipos de bundas - precisa primeiro derrotar seus 7 ex-namorados (incluindo uma garota e dois irmãos gêmeos). Estilo de video games, visual de mangás, referências indie e um caldeirão de ideias que fazem do filme uma versão, se não adolescente, mas jovem adulto, do Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.
Mas, ops, cadê a empresa que apaga memórias? Não existe.
A relação com Brilho Eterno - e essa é só uma teoria, nada exatamente comprovado - talvez esteja nas referências visuais (cabelos coloridos, neve e lagos congelados), no herói interno (aquele que não faz nada por ninguém, mas por ele. Que vence unicamente pelos seus ideiais egoístas - sim, egoísta, porque luta pelas suas paixões, nunca pelo salvar o mundo) e, principalmente, na questão de toda história se passar na cabeça do protagonista. É a visão masculina dos relacionamentos. Cada um a seu modo, tenta entender e se ajustar ao redemoinho de histórias, referências e sentimentos que se passam na cabeça de uma mulher.
Talvez as mulheres se identifiquem da mesma forma, tomara, mas como tenho cabeças de menino, é difícil separar as coisas. Quem sabe meninas nerds consigam. Ou todas as outras, porque não acredito que este seja um filme nerd, mesmo com essas referências visuais.
Porque mesmo com tudo isso, Scott Pilgrim nos pega pela vontade de se apaixonar por alguém e que a recíproca seja verdadeira. Mas, além, nos pega porque, quando achamos que tudo está lindo, aparecem os 7 ex-namorados pra nos desafiar. Porque não basta conquistar a garota; precisamos derrotar todos. Uns mais fortes, outros mais fracos, torcemos para que Scott ache, também, o golpe que gostaríamos de desferir, a forma certa de dizer “Cala boca! Se Ramona não está com você, é porque não a merece!”
Mas sempre tem um porém: Scott foi rejeitado por Envy Adams, que o largou para seguir carreira com sua banda e seu novo namorado vegan. E essa lembrança, óbvio, também o impede de seguir em frente com tranquilidade. Scott vive frivolamente, em relações que não se desenvolvem, sempre com o fantasma da ex assombrando-o. Com medo de que um dia ela reapareça e ele sucumba ao seu "poder". E quem não sabe bem o que é o poder de um/a ex?
O que fica do filme, mesmo com sua forma peculiar de contar uma história de paixão, é aquele aperto no peito que sentimos em todo conto de amor, seja ele contado numa comédia romântica, num filme iraniano ou num game. Vale a pena!
Já o filme que não vale a pena assistir: Como sou atrasado e escrevo esse post enquanto assisto à premiação do Oscar, e como sou pobre e assisto pela Globo e estou aguentando José Wilker comentando, digo para nunca assistir a nada que ele comente. Pedante, não tem o menor carisma para tecer comentários que possamos respeitar. É como vê-lo em A Casa da Mãe Joana. Vergonha alheia total. Taí, tem coisa pior que A Casa da Mãe Joana? Acho que não; então meu voto vai pra esse filme.
E uma última dica para quem curte cinema. Ouçam o RapaduraCast, podcast do portal Cinema Com Rapadura.
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