Fazendo jus ao nome do filme, nos vemos na Praia do Futuro, em Fortaleza, onde o salva-vidas Donato (Wagner Moura) tem seu cotidiano abalado após o afogamento de dois turistas alemães, acontecimento que termina no óbito de um deles. Tomado pela culpa de não ter podido salvar o homem, Donato resolve se encontrar com o turista sobrevivente Konrad (Clemens Schick) para informá-lo sobre o falecimento de seu amigo, porém o encontro dos dois homens se torna mais intenso do que o habitual, os aproximando num misto de paixão e agonia que os toma na busca pelo corpo do turista afogado.
Com o fracasso nas buscas pelo corpo, chega a hora de Konrad voltar ao seu país natal e, sem conseguir lidar com o afastamento, Donato o acompanha, deixando para trás todas as sombras de sua antiga vida, incluindo trabalho, família e, principalmente, seu irmão caçula, Ayrton (Jesuita Barbosa), de quem era muito próximo.
Do mesmo Diretor de Madame Satã, Karim Aïnouz, o filme carrega uma sensibilidade sutil e marcante, mais acentuada pela interpretação madura de Wagner Moura que em momento nenhum perde as rédeas de seu personagem, o nutrindo de drama e complexidade.
Mais marcante é o sucesso que o longa teve de, em meio à atual discussão sobre a diversidade sexual, introduzir o relacionamento desses personagens de modo natural e nem um pouco forçado, limitando suas sexualidades ao simples plano de fundo das características pessoais dos dois, com naturalidade e aceitação, agregando mais ao drama pessoal de cada um, mas não o tornando o ponto central da história.
Mais do que isso a história fala sobre uma família. Aponta para o relacionamento de dois irmãos, aquele que desaparece e aquele que é abandonado, jogando luz sobre toda a diferença que existe entre ambos, mas que se converte num singular amor fraternal.
Escrito por Luis Fernando Pierotti
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