Em 1991 o mundo ainda não havia sido bombardeado pelo soberbo Nevermind e nem o Britpop tomaria de assalto à casa de todos a fórceps. Foi um período incerto para todos, inclusive para a maior banda do mundo naquele momento, o U2.
Por isso os quatro irlandeses se esconderam em Berlin com Daniel Lanois, Brian Eno e Flood na engenharia de som, para gravar uma obra prima.
Para comemorar esse aniversário foi lançada no final de 2011 uma caixa com horas e horas de material, nas próximas linhas tentarei fazer uma dissertação da mesma:
Primeiro material que vi foi o DVD Live from Sidney da turnê Zoo TV, ali é perceptível que Bono não se contentava mais com o mundo da música, ele queria quebrar outras barreiras.
Telefonemas para primeiros ministros e presidentes (Inclusive uma ligação hilária com Bill Clinton), barulho, aliás, MUITO BARULHO! The Fly cospe sangue, Until the end of the world, tudo ali é noise em excesso, mas no bom sentido, o que transformou a tour num sucesso imensurável.
From the Sky down é o segundo DVD, que apesar do material exorbitante, peca pelo andamento, que David Guggenheim não soube dar ao projeto.
É visto ali o “parto” que foi gravar o disco, num período em que todos estavam com problemas, que vão desde as separações até dúvidas existenciais. O terceiro material é formado por clipes, o que é interessantíssimo, pois ali podemos ver a evolução da banda em relação à imagem da própria.
Com os ouvidos sedentos eu parti para o material raro, primeiros os outtakes... Deus do céu o que é aquilo? O que foi jogado fora, ou gravado como teste em primeiro plano é melhor que todos os discos lançados em 2011. Ali fica difícil de destacar o que foi ou é melhor, One em sua versão crua é de cortar os pulsos, os laços folks das soberbas Triyn to throw your arms around the world e Who´s gonna ride your wild horses levam qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade cair em prantos.
Ultra Violet vira um rock cru e belíssimo e Until the End of the world ganha um tempero quase pop. Tive que me refazer parar e respirar, pois o que foi ali absorvido não é simples, é uma banda em estado bruto ensinando como se faz música com a alma.
Nos Lados B o caldo fica um pouco mais fino e talvez por isso, mais assimilável. Lady with the spinning head e Alex Decends.. Avisam que o U2 havia descoberto a música eletrônica que seria tão usada por eles nos discos seguintes.
Everybody Loves a winner é a raspa de tacho mais deliciosa que poderíamos imaginar música gravada e excluída por eles, talvez por se tratar de uma cover de Willian Bell, uma pena, pois esse blues que cheira a country é uma das maiores joias da banda nessa caixa.
Mais duas covers, a descartável Paint it Black dos Stones fica com cara de pós-punk e soa como sobra de estúdio do Rattle and Hum, já Fortunate son do Creedence Clearwater Revival fica no tom certo.
O que talvez surpreenda mais no pacote de b-sides é que as músicas em sua maioria tem cara de sobras do disco anterior, Rattle and hum, com isso temos claro o distúrbio que os irlandeses passaram para se refazer no belíssimo Achtung Baby.
O disco de remix é satisfatório, sendo que boa parte dessas músicas já havia saído em singles ou tocada nos alto falantes das turnês seguintes.
Valem dois clássicos escondidos, Night and Day numa versão remix do clássico de Cole Porter e a lindíssima Can´t help falling in Love que ficou conhecida na voz do rei, Elvis Presley, aqui interpretada de maneira absoluta por Bono.
O que mais temos ai?
Bom, só o injustiçado Zooropa, que alguns destratam como sendo um disco de sobras, mas que na verdade carrega três músicas impressionantes, a faixa titulo (Tocada no segundo show da tour aqui na Brasil), Lemon e a unanime Stay.
Pena do mundo que não ouviu essa obra com carinho. E por último, o próprio Achtung Baby só que remasterizado. Ai meu amigo, a parada fica séria!
Zoo Station ainda provoca aquela calafrio, One dá a mesma emoção de antes e Love is Blindness encera com a mesma primazia de sempre.
Ao contrário do que foi alegado na época, Achtung Baby não é um disco de singles, e sim um material para ser ouvido do começo ao fim, como se fosse uma terapia em grupo em que quatro irlandeses jogaram seus medos, dúvidas, inseguranças e decepções em 12 músicas perfeitas.
Necessário?Sim, mas pra quem quer passar por essa viagem nos sentimentos humanos chamada Achtung Baby.
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