Sabe aquele disco que ninguém entende?Ou melhor, entende e acha uma porcaria sem tamanho?Aqui vamos defendê-lo ou tentar mostrar outro lado desses “absurdos”.
Para inaugurar essa sessão um dos discos mais criticados da história,... And Justice for all do
Metallica!
O quarteto de Los Angeles vinha numa ascensão enorme com o trio destruidor Kill em all, Ride the Lightning e Master of Puppets quando em uma noite fria durante a tour europeia, o ônibus do Metallica bateu e acabou deixando o mundo da música órfão de um dos maiores talentos da história,
Cliff Burton.
Sem um dos pilares da banda como prosseguir?Para onde ir? Apesar dos questionamentos o trio resolveu continuar e ainda buscar o quarto elemento fundamental, um baixista.
Jason Curtis Newsted assume o baixo em 28/10/1986 pouco tempo após o enterro de Burton com uma missão dificílima e até considerada impossível por muitos, mas que foi encarada de peito aberto já no EP The $ 5,98 E.P: Garage Days Re- Revisited que gerou um ótimo buzz em prol do novato.
Entendeu o contexto?Poucos desafios à frente né? Sem um dos lideres, com um novato e ainda tendo que carregar o peso de equivaler ou superar um clássico, o Metallica entrou em estúdio para gravar... And justice for all.
Blackened abre o disco chutando a porta sem dó parecendo uma manada de elefantes adentrando um recinto, Lars Ulrich mostra a sua força e a dupla Hetfield/Hammet destroem tudo na ótima música.
... And Justice for all é introduzida com um belo dedilhado e desemboca em um metal clássico rápido e direto, apesar dos seus quase 10 minutos, a faixa é um dos grandes destaques do disco, principalmente graças ao ótimo trabalho da dupla Hammet e Ulrich.
Já nas duas primeiras faixas é perfeitamente perceptível um Metallica abusando de um áudio simples e mais próximo do começo da carreira.
Eye of the Beholder é a mais complexa do disco, cheia de riffs e ideias variadas que apesar da confusão sonora acaba por agradar e isso se deve ao fenomenal
Kirk Hammet.
Perai, já citei as participações de
Lars Ulrich,
James Hetfield e
Kirk Hammet, mas cadê o Jason Newsted?
E esta ai a grande polêmica, o baixo foi praticamente limado do disco inteiro, aparecendo de forma tímida aqui e ali, porém sem destaque nenhum!
Muitos acham que One e Harvest Sorrow gritam por um baixo mais audível, porém a dupla Hetfield/Ulrich optou por largar tudo na mão das guitarras e bateria pesada.
Apesar de polêmica a decisão da dupla pode ter sido acertada, já que um baixo poderia ali deixar o som do Metallica mais denso e desconfigurado, já que o disco caminha pela tensão de seus temas e instrumental intrincado.
Pedras foram atiradas nos líderes, porém vale lembrar que Newsted era um novato substituindo uma das maiores figuras do Trash Metal, fato que não é fácil, e se a intenção de James Hetfield e Lars Ulrich foi de blindar o jovem baixista, eles tiveram existo, pois apesar do baixo inaudito, Jason acabou angariando o carinho dos fãs.
A única faixa que conseguimos ouvir ali, bem ali no fundo, o baixo de Newsted é na faixa homenagem a Cliff Burton, To live is to die, uma instrumental forte e que tem em seu DNA o talento do falecido baixista e talvez por isso, a mais confortável para aparecer o baixo de Jason.
...And Justice for All deve ser ouvido inúmeras vezes para que seja entendido completamente, pois funciona quase como um patinho feio em meio a dois clássicos, Master of puppets e Black Album.
Escrito por
Rodrigo Moia