Esse aqui é um filme para meninas. Certamente ele foi pensado assim: querendo apresentar uma heroína que fosse bem ao encontro do público feminino. Para isso, buscaram pegar qualidades que encontramos em qualquer conto de fadas e incorporaram na trama( o fato da garota ser uma princesa, a relação de conflito com a mãe e admiração pelo pai, coisas que temos em diversas histórias infantis).
Todo esse trabalho de criar a protagonista interessante foi muito virtuoso. O único problema foi cativar a quem assiste com uma trama tão batida como a “transmutação de corpos”- já vimos isso em “A Nova Onda do Imperador” e “Irmão Urso”, isso sem contar os diversos filmes de troca de corpo que têm uma lição de moral bem parecida.
Visualmente lindo e com um roteiro clichê e fraco: essa é a melhor definição que faço de “Valente”. Suas filhas, sobrinhas e netas mais novas vão adorar, o duro é fazer alguém mais velho assistir sem ficar com aquela sensação de “eu já vi isso em algum lugar”. Ou seja, ele vale a pena até certa idade, depois disso ele é mais bobinho e só vale pelo design.
Escrito por Fábio Campos
3 comentários:
Concordo em partes...
Sou historiador e trabalho com educação para crianças e jovens. Por este motivo me senti na necessidade de expressar a minha opinião e contrapô-la à do crítico com objetivo de agregar algo para a crítica.
Não achei a animação nada "bobinha", afinal, há um interessante resgate da cultura celta/germânica que resulta em características desta sociedade que podem tranquilamente ser utilizadas com as crianças:
- a história frisa, constantemente, a principal característica dos povos germãnicos e celtas que consiste no grande valor dado ao conceito de família e na imagem do pai como um grande líder.
- A reunião das tribos revela a forma de organização social das tribos denominada comitatus.
- a caça apresentada logo no início aponta para a prática cultural que será, futuramente, apropriada pela nobreza medieval da Europa como mais um diferenciador deste estamento.
- a tapeçaria da mãe de valente aponta para esta prática artesanal característica dos povos celtas e germanos como uma forma de registro de memória importantíssimo para a história destes povos.
- o próprio roteiro (que é apontado por você como "cliche") entra em concordância com um importante aspecto da religiosidade politeísta destes povos, onde o mundo dos humanos e dos deuses é amalgamado e presente de forma profunda na mentalidade destes grupos.
- por fim, o fato de colocar uma garota como protagonista é interessante porque, neste período apenas estas comunidades ofereciam uma possibilidade de realizar profissões variadas como ferreira, guerreira, carpinteira e outras.
Como já afirmei, não estou querendo realizar aqui uma crítica "pesada", mas apenas procurando apontar que, com o olhar munido de conhecimento e sabendo relevar as apropriações de estereótipos holywoodianos, é possível sacar importantes informações e ilustrações sobre a história para as crianças.
Olá Denis gostei bastante do seu ponto de vista. Também adoro a história, o que mais me incomodou foi a presença de certas coisas que já tinham acontecido em outros filmes, eu comprei a história como uma coisa mais original, um exemplo legal que sei que não caberia aqui mas acho que adaptado poderia dar um plot legal é a personagem Morgana do livro Brumas de Avalon, acho legal a forma que ela é retratada e poderia ser uma abordagem se fosse dada a devida suavidade para a animação.
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